segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

UnB cria banco de dados para avaliar sistema de cotas

JB Brasília
A Universidade de Brasília começará a organizar este ano um banco de dados sobre as políticas afirmativas para negros e indígenas adotadas em 54 instituições públicas de ensino superior de todo o Brasil. O objetivo é desenvolver parâmetros de avaliação para saber se as ações têm atingido a inserção efetiva dos estudantes.
A tarefa está na pauta do recém-criado Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, uma rede de estudos aprovada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O instituto terá sede na UnB e vai reunir 22 cientistas de 14 instituições.
Segundo o professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (DAN) e coordenador do INCT, José Jorge de Carvalho, a ação permitirá uma radiografia inédita da situação no Brasil.- Não há um levantamento de quantos modelos de cotas existem e de que forma eles andam - explica.
A professora do DAN Rita Segato, que integra o grupo, afirma que o levantamento será especialmente útil às universidades que terão de adotar a reserva de vagas caso o projeto de lei 73/1999 seja aprovado pelos congressistas. O documento já foi votado na Câmara dos Deputados e seguiu para o Senado em novembro.- Elas terão o conhecimento do que já existe para não partirem do zero - diz.
AtividadesO INCT planeja ainda levantar a quantidade de cotistas afrodescendentes e indígenas no ensino superior e acompanhar a trajetória deles pós-universidade para descobrir como ocorre a inserção do grupo no mercado de trabalho. Outro objetivo é gerar uma biblioteca com toda a memória das políticas afirmativas, o que inclui matérias na imprensa, artigos, livros, filmes, e arquivo testemunhal dos estudantes que ingressaram no ensino superior pelo sistema.
José Jorge Carvalho, um dos pioneiros da discussão sobre ações inclusivas na UnB, destaca, entre as linhas de atuação do grupo, a produção de trabalhos científicos sobre a reconfiguração de saberes na academia, a partir da inserção dos grupos raciais-étnicos.- Queremos descobrir como eles interagem e modificam a universidade. Ou seja, como essa pluralidade enriquece o meio acadêmico.A expectativa é que a rede inicie suas atividades em março, quando deverá ser liberada a primeira parte dos recursos financeiros. Para Carvalho, é um privilégio ter a UnB como sede do INCT, tendo em vista o protagonismo da universidade na discussão de políticas afirmativas.

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