quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Programa de Ensino: Leituras e Escritas Etnográficas


Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de Antropologia
Disciplina: HUM05045– Leituras e Escritas Etnográficas, turma U
Semestre: 02/2012              
Carga Horária: Teórica: 60 horas; Prática: 30 horas                 

Professora: Patrice Schuch (patrice.schuch@uol.com.br);
Assistentes de Ensino: Lucas Besen (lucasbesen@yahoo.com.br) e Alex Martins Moraes (alexmartinsmoraes@gmail.com)  
Estagiário Docente de Mestrado: Tomás Sánchez Guzman (tomasguzmansanchez@gmail.com)

Objetivos: A disciplina visa desenvolver um espaço de problematização e de exercício do fazer etnográfico, entendido como uma atividade inventiva que implica reflexões sobre a epistemologia, método e condições variadas de produção de teorias e dados em Antropologia. Dada a centralidade da etnografia no modo de produção da Antropologia, o curso focaliza as experiências e os desafios da produção etnográfica através da leitura de etnografias clássicas e contemporâneas, focando-se na discussão de questões tais como: o texto e os estilos etnográficos; a autoria e a autoridade antropológica; o trabalho de campo e a escrita antropológica; a refuncionalização e ressignificação da etnografia em contextos variados de produção. A disciplina parte do pressuposto da importância da reversibilidade da etnografia para a formação de conhecimento em antropologia e entende relacionalmente o processo de pesquisa e a produção de teorias e dados antropológicos. Nesse sentido, a disciplina objetiva também exercitar de forma contínua a produção e a experimentação de/com artefatos antropológicos variados, tais como a descrição etnográfica em seus variados estilos, focos e contextos; o diário de campo; os documentários etnográficos, fotos e instalações; a produção de monografias; etc.

Tópicos Programáticos: 1) Antropologia e Etnografia: como produzir teorias em ação? 2) Etnografias  Contemporâneas: experimentações, tensões e redimensionamentos; 3) Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Antropológico

Sistemática das Aulas:  Para carga horária teórica: aulas expositivas dialogadas, seminários com apresentação e discussão de textos, crítica textual, debate do conteúdo da disciplina a partir de documentários; reflexões orientadas por interrogações sobre o texto;  Para a carga horária prática: observações e descrições etnográficas; crítica textual; produção de textos com diferentes estilos narrativos; produção de diário de campo; entrevistas e outros artefatos da produção antropológica.

Avaliação: Os alunos receberão conceitos A (ótimo), B (muito bom), C (regular), D (insuficiente)  ou FF (falta de frequência), de acordo com seu desempenho em cada uma das seguintes atividades:

1) Participação em aula e apresentação de seminários sobre os textos do programa de ensino (30%);

2) Entrega dos exercícios solicitados ao longo do semestre (40%);

3) Entrega do trabalho final (30%). 

Durante o semestre deverá será elaborado, individualmente, pelo aluno, um portfólio, que conterá seus trabalhos desenvolvidos ao longo da disciplina. O portfólio deverá conter a auto-avaliação do aluno em relação à atividade desenvolvida, assim como a da professora e estagiários docentes. Ele deve ser entregue junto com o trabalho final da disciplina (11/01/2013)

 Os critérios para avaliação da participação nas atividades propostas serão: correção, capacidade argumentativa, bom uso da literatura antropológica e criatividade na produção de experimentações estilísticas, assim como na formação de questões acerca dos desafios e possibilidade do fazer etnográfico.

 
Atividades de Recuperação Previstas: uma prova individual, sem consulta, sobre as problemáticas tratadas na disciplina.

 
Conteúdo:

1. Apresentação da disciplina (31/08)

Apoio:

DELEUZE, Gilles (1990). “Carta a um Crítico Severo”. In: Conversações. SP. Ed. 34, 2007, p. 11-22.

DELEUZE, Gilles (1993). “A Literatura e a Vida”. In: Crítica e Clínica. SP, Editora 34, 1997, p.11-16.

 
BLOCO I: Antropologia e Etnografia: como produzir teorias em ação?

 
2. Geopolíticas do Conhecimento (14/09)

ATENÇÃO: A aula será no seminário: “Ensaios, Críticas e Leituras Antropológicas sobre Neoliberalismo: perspectivas no sistema mundo”. Local: Pantheon, a partir das 14:00h. 

Sugere-se a participação integral no seminário, especialmente na conferência do prof. Eduardo Restrepo:”Geopolíticas del conocimiento y antropología en tiempos de globalización”, (13/09, às 9:00 h, Pantheon);

Apoio:

LINS RIBEIRO, Gustavo. “Antropologias Mundiais. Para um Novo Cenário Global para a Antropologia”. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 21, n. 60, fevereiro de 2006, p.147-185.

RESTREPO, Eduardo y Arturo ESCOBAR. “Antropologías en el mundo”. In:  Jangwa Pana 3,  Santa Marta, Programa de Antropología /Universidad del Magdalena, 2004, p. 110-131.


3. O Clássico dos Clássicos: Malinowski e a construção do etnógrafo como “herói” (21/09)

MALINOWSKI, Bronislaw. (1922). “Prólogo”, “Introdução”. In: Os Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo, Coleção os Pensadores, Ed. Victor Civita, 1984,  (p. 1-8 e 14-34).

MALINOWSKI, Bronislaw. (1926) Crime e Costume na Sociedade Selvagem. Brasília, Editora da UNB, 2003 (Parte I), 1-56.

 
Apoio:
CLIFFORD, James. “Sobre a automodelagem etnográfica: Conrad e Malinowski”. In: A Experiência Etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro, Editora da UFRJ, 1998, p. 100-131.

CONRAD, Joseph (1902). Coração das Trevas. SP,  Companhia das Letras, 2008

 
 
EXERCÍCIO: A ser entregue e discutido na próxima aula (28/09): Produzir um artefato etnográfico surrealista, no sentido evocado por James Clifford (máximo 3 páginas). A justaposição de cenas/cenários/personagens pode ser realizada pelo aluno(a) a partir de trechos de literatura, de modo a compor sua produção.

 

4. O Surrealismo Etnográfico e as Etnografias Surrealistas (28/09)

CLIFFORD, James. “Sobre o Surrealismo Etnográfico”. In: A Experiência Etnográfica. Antropologia e Literatura no Século XX. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1999, p. 121-162.

Discussão dos experimentos surrealistas trazidos pelos alunos.

5. As Etnografias como “Ficções”: Clifford Geertz e a reconfiguração da escrita antropológica (05/10)

GEERTZ, Clifford. “Um Jogo Absorvente: Notas sobre a Briga de Galos Balinesa”. In: A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1989, p. 278-321.

Apoio:

GEERTZ, Clifford. “Mistura de gêneros: a reconfiguração do pensamento social”. In: O Saber Local. Petrópolis, Vozes, 1997, p. 33-56.

 GEERTZ, Clifford. (1988).  “Estar lá: a antropologia e o cenário da escrita”. In:  Obras e Vidas: o antropólogo como autor. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 2002, p. 11-39.

 6. A Autoridade etnográfica em foco: as etnografias experienciais, interpretativas, dialógicas e polifônicas (19/10)

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. "A presença do autor e a pós-modernidade em Antropologia". In: Novos Estudos do CEBRAP. n 21, julho 1988.

 CLIFFORD, James. “Sobre a autoridade etnográfica”. In: A Experiência Etnográfica. Antropologia e Literatura no Século XX. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1999, p. 17-62.

 Apoio:

CALDEIRA, Teresa. "Uma incursão pelo lado 'não respeitável' da pesquisa de campo". Ciências Sociais Hoje, 1. Trabalho e cultura no Brasil. Recife, Brasília, CNPq ANPOCS, 1981.

 Apoio: Etnografias Recentes e seus Estilos Narrativos

DAMO, Arlei. “Cap. 10. Os Jogadores e seu Público”. In: Do Dom à Profissão. Tese de doutorado apresentada ao PPGAS/UFRGS. POA. UFRGS, 2005 (mimeo).

 FLEISCHER, Soraya. “Rios, Florestas e Alteridade: chegando à região de Melgaço, Pará”. In: Parteiras, Buchudas e Aperreios. Uma Etnografia do Atendimento Obstétrico Não Oficial em Melgaço, Pará”. Belém/Santa Cruz do Sul, Editora Paka Tatu/EDUNISC, 2011, p. 53-88.

MENEZES, Rachel A. “Em Busca da Boa Morte”. In: Em Busca da Boa Morte. Antropologia dos Cuidados Paliativos. RJ, Ed.FIOCRUZ/Garamond, 2004, p. 162-210.

 SCHUCH, Patrice. “A Inserção em Campo e o Debate sobre o ´Participar’`”. In: Práticas de Justiça: antropologia dos modos de governo da infância e da juventude no contexto pós-ECA”. POA, Editoria da UFRGS, 2009, p.81-102.


 BLOCO II – Etnografias Contemporâneas: experimentações, tensões e redimensionamentos


2.1. Etnografias:

7. Etnografia, Intersubjetividade e Experimentação  (26/10) 

SILVA, Hélio. Travesti. A Invenção do Feminino. RJ, Relume Dumará, 1993.



EXERCÍCIO: Escolha um trecho da etnografia de Hélio Silva ou Loïc Wacquant, de sua livre escolha, e comente à luz da questão: como produzir teorias antropológicas em ação? (máximo 3 páginas); Entrega e discussão: 09/11

 

8. O Pesquisador como Aprendiz: conhecimento “prático” e visceral (09/11)

WACQUANT, Loïc. Corpo e alma: notas etnográficas de um aprendiz de boxe. Rio de Janeiro, Relume- Dumará, 2002.

Debate sobre os trechos escolhidos e comentados pelos alunos, das etnografias de Hélio Silva ou Loïc Wacquant.

 
9. Etnografias de uma Vida: Esperanza e Catarina (16/11)  

BEHAR, Ruth. “Prólogo: Víbora que Habla”. In: Cuéntame Algo Aunque Sea una Mentira: las Historias del la Comadre Esperanza. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 2009.

BIEHL, João. 2005. “A vida cotidiana das palavras: a história de Catarina”. Cadernos da APPOA. Porto Alegre, nº 140, 2005, p. 14-29.

 
Apoio: 

BIEHL, João. “Antropologia do devir: psicofármacos – abandono social – desejo”. In: Revista de Antropologia. Vol. 51, n. 2. SP, USP, 2008, p. 413-449.

GOODY, Jack. “Da Oralidade à Escrita – reflexões antropológicas sobre o ato de narrar”. In: MORETTI, Franco (org.). Romance  1: A cultura do romance. São Paulo, CosacNaify, 2009, p 35-68.

KUNDERA, Milan (1986). “Primeira Parte: a herança depreciada de Cervantes”. In: A Arte do Romance. SP, Companhia das Letras, 2009.


EXERCÍCIO: Trazer à aula uma parte do diário de campo de sua pesquisa ou solicitar a outro pesquisador uma parte de seu diário de pesquisa. (máximo de 2 páginas). Entrega: 23/11.
 

 

2.2. Artefatos Antropológicos:

 10. Diário de Campo (23/11)

BONETTI, Aline e FLEISCHER, Soraya. “Diário de Campo: (sempre) um experimento etnográfico-literário?”. In: BONETTI, Aline e FLEISCHER, Soraya (Orgs). Saias Justas e Jogos de Cintura. Ilha de SC, Editora Mulheres/EDUNISC, 2007, p. 9-40.

 BONETTI, Aline. “O Rei está Nú! O Diário de Campo Cru e a Exposição das Etnografias”. In: SCHUCH, Patrice; VIEIRA, Miriam S.; PETERS, Roberta (Org.). Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Etnográfico Contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010, p. 165-176.

 FONTANARI, Ivan Paolo de F. “Nú, em Público: o diário de campo fora de lugar”. In: SCHUCH, Patrice; VIEIRA, Miriam S.; PETERS, Roberta (Org.). Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Etnográfico Contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010, p. 145-156.

 MALINOWSKI, Bronislaw (1967). Um diário no Sentido Estrito do Termo. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1997.

VIEIRA, Miriam S. “Diário de Campo numa Instituição de Justiça”. In: SCHUCH, Patrice; VIEIRA, Miriam S.; PETERS, Roberta (Org.). Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Etnográfico Contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010, p. 157-164.

Discussão dos trechos de diário de campo elaborados pelos alunos.

 
11.  A Etnografia de Rua (24/11): caminhada etnográfica pela manhã de sábado, em local a ser definido.

Apoio: ECKERT, Cornelia e ROCHA, Ana Luiza. Etnografia de rua e câmera na mão. Revista Eletrônica Studium. http://www.studium.ar.unicamp.br/oito/2.htm?=



EXERCÍCIO: Produzir um texto coletivo a respeito da caminhada etnográfica  (Finalização do texto em:  07/12).

 

12. Filme Etnográfico (30/11)

“Jean Rouch,  Subvertendo Fronteiras”. Direção: Ana Lúcia Ferraz, Edgar Teodoro da Cunha,  Paula Morgado e Renato Sztutman. SP, Laboratório da Imagem e do Som em Antropologia/USP, 2000,  41 min.

“Les Meîtres Fous” (“Los Dirigentes Locos”) –  Direção: Jean Rouch. (legendas em espanhol),  Centro Nacional de Pesquisa Científica e  Instituto 1951, 35 min.

“O Cinema é como uma Dança - Entrevista com Jean Arlau”.  Direção: Rafael Devos, Olavo Marques, Ana Luiza Rocha, Cornelia Eckert e Flávio Abreu. BIEV/PPGAS-UFRGS, POA, 2004, 35 min.

“Passagens Urbanas”. Direção: Ana Luiza Rocha de Carvalho e Olavo Marques. BIEV/PPGAS-UFRGS, POA, 2003, 25 min.

Apoio:

MENEZES, Paulo. Les Maîtres Fous, de Jean Rouch: questões epistemológicas da relação entre cinema documental e produção de conhecimento. Revista Brasileira de Ciências Sociais. 2007, vol.22, n.63, pp. 81-91.


 Bloco III: Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Antropológico
 

13. Antropologia e seus Espelhos: problematizações  (07/12)

EVANS-PRITCHARD, E. “Introdução”. In:  Os Nuer.  SP, Ed. Perspectiva, 2007, p. 5-21.

DA SILVA, Vagner Gonçalves et alli. A Antropologia e Seus Espelhos. SP. USP, 1994.

DA SILVA, Vagner Gonlçalves.”Política das Citações: outras academias, outros escritos”, “Construindo Textos, Tecendo Tradições”, “Etnografias Domésticas”, “Das Folhas ao Mel Proibido de Oxóssi”, “Escudos e Fugas: na contramão da representação” e “O Antropólogo e sua Magia”. In: O Antropólogo e sua Magia. SP, Ed. da USP, 2000, 140-184.

GORDON, Cesar. “Prefácio: a bola dentro da tora” e HIPARIDI TOP’TIRO. Auwê Xavante. “Uma Outra Apresentação: pesquisador e pesquisado”. In: VIANNA, Fernando de Luiz Brito. Boleiros do Cerrado. Índios Xavantes e o Futebol. SP, Annablume/FAPESP?ISA, 2008, p. 9-14 e 15-16.

SCHUCH, Patrice. “Antropologia com Grupos Up, Ética e Pesquisa”. In: SCHUCH, Patrice; VIEIRA, Miriam S.; PETERS, Roberta (Org.). Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Etnográfico Contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010, p. 29-48.

Apoio:

EVANS-PRITCHARD, E. “Algumas Reminiscências e Reflexões sobre o Trabalho de Campo”. In: Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande. RJ, Jorge Zahar Editor, 2006.

FONSECA, Claudia. “O Anonimato e o Texto Etnográfico: dilemas éticos e políticos da etnografia ‘em casa’”. In: SCHUCH, Patrice; VIEIRA, Miriam S.; PETERS, Roberta (Org.). Experiências, Dilemas e Desafios do Fazer Etnográfico Contemporâneo. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010b, p. 205-226.

14. A Etnografia em Colaboração: muito além da escrita (14/12) – Seminário de Apresentação de Textos (5)

RAPPAPORT, Joanne - Más Allá de la Escritura: la epistemología de la antropología en colaboración. In: Revista Colombiana de Antropología. Vol. 43. 2007, p. 197-229.

SOARES, Luis Eduardo; MV Bill e ATHAYDE, Celso. Cabeça de Porco. Ed. Objetiva, 2005.

Apresentação de Alex Martins Moraes, Tomás Guzman Sánchez  e Lucas Besen sobre suas pesquisas.


15. Entrega e Apresentação dos Trabalhos Finais da Disciplina + Ética em Antropologia – Prática Etnográfica e Políticas de Regulamentação (11/01/2013)

BEVILAQUA, Ciméa. “Ética e Planos de Regulamentação da Pesquisa: princípios gerais, procedimentos contextuais”. In: FLEISCHER, Soraya e SCHUCH, Patrice (Org.). Ética e Regulamentação na Pesquisa Antropológica. Brasília, Editora da UnB/Letras Livres, 2010, p.71-90.

DINIZ, Débora. “A Pesquisa Social e os Comitês de Ética no Brasil”. In: FLEISCHER, Soraya e SCHUCH, Patrice (Org.). Ética e Regulamentação na Pesquisa Antropológica. Brasília, Editora da UnB/Letras Livres, 2010, p.183-192.
FONSECA, Claudia. “Que ética? Que ciência? Que sociedade?”. In: FLEISCHER, Soraya  e SCHUCH, Patrice (Orgs). Ética e Regulamentação na Pesquisa Antropológica. Brasília, Letras Livres/Editora da UnB, 2010a, p. 39-70.

 SCHUCH, Patrice.  A vida social ativa da ética na Antropologia (e algumas notas do “campo” para o debate). Artigo apresento na RAM 2011, Curitiba/PR (mimeo).

 Apoio:
CARDOSO DE OLIVEIRA, Luis Roberto. “A Antropologia e seus Compromissos e/ou Responsabilidades Éticas”. In: FLEISCHER, Soraya e SCHUCH, Patrice (Org.). Ética e Regulamentação na Pesquisa Antropológica. Brasília, Editora da UnB/Letras Livres, 2010, p.25-38.

PORTO, Dora. “Relato de uma Experiência Concreta com a Perspectiva das Ciências da Saúde: construindo o anthropological blues”. In: FLEISCHER, Soraya e SCHUCH, Patrice (Org.). Ética e Regulamentação na Pesquisa Antropológica. Brasília, Editora da UnB/Letras Livres, 2010, p. 101-126.
RAMOS, Alcida. “A Difícil Questão do Consentimento Informado”. In: VICTORA, Ceres et alli (Org). Antropologia e ética: o debate atual no Brasil. Niterói: EdUFF-ABA, 2004, p. 91-96.


 
ATENÇÃO: Nesta aula (11/01) deverão ser entregues os trabalhos finais da disciplina, que serão apresentados pelos seus autores; a apresentação deve incorporar a seguinte questão: quais os desafios éticos suscitados a partir da elaboração do trabalho?
 
OPÇÃO PARA REALIZAÇÃO DE TRABALHOS FINAIS:
Opção 1: Produção de um artefato antropológico, utilizando-se dos recursos analíticos da disciplina, bem como da livre inspiração para produção de “coisas novas” sobre temática de interesse (em texto: máximo 5 páginas; produção fílmica: máximo 20 min.); 
Opção  2: Análise crítica de uma etnografia brasileira recente, a partir dos recursos analíticos discutidos na disciplina (máximo 5 páginas).














16. Dia 17/01/2013: Prova de recuperação:

 



Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?”

Carlos Drummond de Andrade,  Procura da Poesia

Programa de Ensino: Antropologia, Desafios Contemporâneos


Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Departamento de Antropologia


Disciplina: HUM 05021 Antropologia – Desafios Contemporâneos, turma C

Semestre: 02/2012                                  

 

Professora: Patrice Schuch (patrice.schuch@uol.com.br);

Estagiária Docente de Doutorado: Liziane Gonçalves de Matos (liziane.gm@gmail.com)

Monitor de Graduação: José Carlos da Silva Cardozo (jcs.cardozo@gmail.com)

 

 

Objetivos: Compreender e discutir as principais contribuições da teoria antropológica contemporânea. Serão privilegiados os métodos, as categorias e os conceitos cunhados para a investigação dos processos sócio-culturais, através dos debates críticos que informam o pensamento antropológico.

 

Tópicos Programáticos: 1) Estruturas e Práticas; 2) Simbolismo, Poder e Mudança Social; 3) Em torno da Noção de Cultura; 4) Cultura, Poder e Antropologia; 5) Configurações e Reconfigurações Contemporâneas.

 

Sistemática das Aulas: aulas expositivas; seminários, discussão dos textos e realização de trabalhos.

 

Avaliação: Os alunos receberão conceitos A (ótimo), B (muito bom), C (regular), D (insuficiente)  ou FF (falta de frequência), de acordo com seu desempenho em cada uma das seguintes atividades: 1) Participação em aula e apresentação de textos (peso: 10%); 2) entrega dos exercícios solicitados ao longo do semestre (peso: 20%); 3) Provas individuais, em aula e sem consulta (peso: 70%).

 


Atividades de Recuperação Previstas: uma prova individual, sem consulta, sobre as problemáticas tratadas na disciplina.

 

Conteúdo:


1.  Apresentação da disciplina (29/08)

Texto base:

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. “Tempo e tradição: interpretando a antropologia”. Sobre o Pensamento Antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, MCT, CNPq, 1988, p. 13-25.

 

BLOCO I: Estruturas e Práticas 


 

2. A procura do simbólico (05/09)

LÉVI-STRAUSS, Claude. “Natureza e cultura”; “O problema do incesto”; “O universo das regras”. In: ______. Estruturas elementares do parentesco. Petrópolis, Vozes, 1982, p. 41-81.

 

STRAUSS, Lévi-Strauss. “A Análise estrutural em Lingüística e em Antropologia”. In: Antropologia Estrutural. RJ, Tempo Brasileiro, 2003 (6º edição), p.45-70.

 

Sugestões de Leituras Adicionais:

STRAUSS, Lévi-Strauss. “A Noção de Estrutura em Etnologia”. In: Antropologia Estrutural. RJ, Tempo Brasileiro, 2003 (6º edição), p. 313-360.

 

LÉVI-STRAUSS, Claude. “Introdução à obra de Marcel Mauss”. In: MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. SP, Cosac & Naify, 2003, p. 11-46.

 

LÉVI-STRAUSS, Claude. “Endogamia e Exogamia” e “O Princípio da Reciprocidade”. In: Estruturas elementares do parentesco. Petrópolis, Vozes, 1982, p. 83-107.

 

3. O Pensamento Selvagem (12/09)

LÉVI-STRAUSS, Claude. “A ciência do Concreto”. In: O Pensamento Selvagem. Campinas, Papirus, 1997, p. 15-49. (FICHA DE LEITURA)

 

Vídeo: Claude Lévi-Strauss (Paris, Pierre Beuchot, 1972).

 

Sugestão de Leitura Adicional:

LÉVI-STRAUSS, Claude. “A caminho do intelecto” (p. 79-96)  e “O totemismo visto de dentro” (p. 97-108). In: O Totemismo Hoje. Petrópolis: Vozes, 1975.

 

4. O Senso Prático (19/09)

BOURDIEU, Pierre. “Estruturas, Hábitos, Práticas”. In: O Senso Prático. Petrópolis, Vozes, 2009 (1980), p. 86-107

 

BOURDIEU, Pierre. “Da regra às estratégias”. In: Coisas Ditas. São Paulo, SP, Editora Brasiliense, 1990, p.77-95.

 

Partes do documentário: “A Sociologia é um Esporte de Combate” (direção: Pierre Carles, 2001) + Entrevistas em vídeo com Pièrre Bourdieu (direção: Maria Andrea Loyola, 2000).

 

Sugestão de Leitura Adicional:

BOURDIEU, Pierre. “A Crença e o Corpo”. In: O Senso Prático. Petrópolis, Vozes, 2009 (1980), p. 108-132.

 

 

BLOCO II – Simbolismo, Poder e Mudança Social

 

5. Estrutura, Processo e Conflito (26/09)

LEACH, Edmund. “Introdução” e “Gumlao e Gumsa”; “O mito como justificação da facção e da mudança social” e “Conclusão”. In: Sistemas Políticos na Alta Birmânia. SP, EDUSP, 1996 [1954] (p.65-80; 247-260 e 307-319; 321-333).

 

6. Simbolismo, Rituais e Poder (03/10)

DOUGLAS, Mary. “Introdução”, p.11-17. “Poderes e perigos”, p.117-140; “Limites externos”, p. 141-158. In: Pureza e Perigo. São Paulo, Perspectiva, 1976 [1966].

 

TURNER, Victor. “Liminaridade e communitas”. In: O Processo Ritual. Petrópolis, Vozes, 1974, p. 116-159.

 

Sugestão de Leitura Adicional:

DOUGLAS, Mary. “Os Usos dos Bens”. In: O Mundo dos Bens. Para uma Antropologia do Consumo. RJ, Editora da UFRJ, 2006 (1979), p. 101-118.

 

DOUGLAS, Mary. “Racionalismo e crença. Entrevista com Peter Fry”. Mana, 5(2), 1999, p.145-156.

 

7. Prova (10/10)

 


Bloco III: Em Torno da Noção de “Cultura”


 

8. Estrutura e História (17/10)

SAHLINS, Marshall. “Introdução”; “Suplemento à Viagem de Cook ou ‘Le Calcul Sauvage’”. In: Ilhas de História. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1990, p. 7-105. (FICHA DE LEITURA).

 

9. A Interpretação das Culturas (24/10) – Liziane e José Carlos

GEERTZ, Clifford. “Uma Descrição Densa: Por Uma Teoria Interpretativa da Cultura”. In: A Interpretação das Culturas. RJ, Editora Guanabara, 1989. (Exercício)

 

Sugestões de Leituras Adicionais:

GEERTZ, Clifford. “Um Jogo Absorvente: Notas sobre a Briga de Galos Balinesa”. In: A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1989, p. 278-321.

 

 

Dia 31/10 – Não haverá aula; ANPOCS

 

10. Repensando a Antropologia: crítica Pós-Moderna e Pós-Colonial (07/11)

CLIFFORD, James. “Sobre a autoridade etnográfica”. In: A Experiência Etnográfica. Antropologia e Literatura no Século XX. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1999, p. 17-62.

 

BHABHA, Homi. “A outra questão: o estereótipo, a discriminação e o discurso do colonialismo” (cap. 3): In: O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. 

Sugestão de Leitura Adicional:

FISCHER, Michael. "Da antropologia interpretativa à antropologia da crítica cultural". In: Anuário Antropológico 83. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1985.

 

SAID, Edward. “As representações do Colonizado: os interlocutores da Antropologia”. In: Reflexões sobre o Exílio. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 114-136.

 

 

Bloco IV: Cultura, Poder e Antropologia

 

11. Cultura, Poder e a Indigenização da Modernidade (14/11)

SAHLINS, Marshall. “O ‘pessimismo sentimental’ e a experiência etnográfica: porque a cultura não é um ‘objeto’ em via de extinção” (Parte I). In: Mana, vol. 3, n° 1, 1997. (FICHA DE LEITURA)

 

WOLF, Eric. “Encarando o poder: velhos insights, novas questões”. In: FELDMAN-BIANCO, Bela e RIBEIRO, Gustavo Lins. Antropologia e Poder: as contribuições de Eric Wolf.  Brasília, EdUnb, 2003, p. 325-343.

 

Sugestões de Leituras Adicionais:

WOLF, Eric. “Cultura: panacéia ou problema?” In: FELDMAN-BIANCO, Bela e RIBEIRO, Gustavo Lins. Antropologia e Poder: as contribuições de Eric Wolf.  Brasília, Editora da UnB, 2003.

 

CUNHA, Manuela Carneiro da. “’Cultura’ e Cultura: conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais”. In: Cultura com Aspas. SP, Cosac Naify, 2009, p. 311-373.

 

12. A Invenção da Cultura (21/11)

WAGNER, Roy. “Introdução” e “A Presunção da Cultura”.  In: A Invenção da Cultura. SP, Cosac Naify, 2010 (1975), p. 13-24; 27-48.

 

Sugestão de Leitura Adicional:

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. “O Nativo Relativo”. In:  Mana, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, Apr. 2002.

 

 


BLOCO V: Configurações e Reconfigurações Contemporâneas


 

13. Antropologia Simétrica (28/11)

LATOUR, Bruno. Jamais Fomos Modernos. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994 (partes a serem selecionadas). (FICHA DE LEITURA).

 

Sugestão de Leitura Adicional:

LATOUR, Bruno. “Como terminar uma tese de sociologia: diálogo entre um aluno e seu professor (um tanto socrático). In: Cadernos de Campo. N. 14-15, 2006, p. 339-352.

 

14. Perspectivismo e Multiculturalismo (05/12)

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. “Perspectivismo e Multiculturalismo na América Indígena”. In: A Inconstância da Alma Selvagem – e outros Ensaios de Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2002, p. 345-399.

 

Sugestão de Leitura Adicional:

INGOLD, Tim. “Humanidade e Animalidade”. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo: ANPOCS, nº 28, ano 10, 1995, p. 38- 53.

 

INGOLD, Tim. “Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais”. In: Horizontes Antropológicos. Vol. 18, n. 37, 2012, p. 25-44.

 

STRATHERN, Marilyn. “Necessidade de Pais, Necessidade de Mães”. In: Revista Estudos Feministas, v. 3, n. 2, p. 303 -29, 1995.

 

15. Prova (12/12)

 

16. Prova de Recuperação (19/12)