In: Educação & Sociedade
ISSN 0101-7330 versão impressa
Educ. Soc. v.23 n.79 Campinas ago. 2002
ISSN 0101-7330 versão impressa
Educ. Soc. v.23 n.79 Campinas ago. 2002
IDENTIDADE E DIFERENÇA: IMPERTINÊNCIAS
Tomaz Tadeu da Silva*
Resumo: A questão da identidade e da diferença está no centro de boa parte das discussões educacionais atuais. Nessa discussão, a diferença acaba, em geral, reduzida à identidade. Nesta pequena coleção de afirmações, tento, inspirado sobretudo na filosofia da diferença de Gilles Deleuze, desequilibrar o jogo em favor da diferença.
Palavras-chave: Diferença. Semelhança. Identidade. Representação.
1. A diferença não tem nada a ver com o diferente. A redução da diferença ao diferente equivale a uma redução da diferença à identidade.
2. A multiplicidade não tem nada a ver com a variedade ou a diversidade. A multiplicidade é a capacidade que a diferença tem de (se) multiplicar.
3. Não é verdade que só pode diferir aquilo que é semelhante. É justamente o contrário: só é semelhante aquilo que difere.
4. A identidade é predicativa, propositiva: x é isso. A diferença é experimental: o que fazer com x.
5. A identidade é da ordem da representação e da recognição: x representa y, x é y. A diferença é da ordem da proliferação; ela repete, ela replica: x e y e z...
6. A diferença não é uma relação entre o um e o outro. Ela é simplesmente um devir-outro.
7. A questão não consiste em reconhecer a multiplicidade, mas em ligar-se com ela, em fazer conexões, composições com ela.
8. A diferença é mais da ordem da anomalia que da anormalidade: mais do que um desvio da norma, a diferença é um movimento sem lei.
9. Quando falamos de diferença, não estamos perguntando sobre uma relação entre x e y, mas, antes, sobre como x devém outra coisa.
10. A diferença não pede tolerância, respeito ou boa-vontade. A
3. Não é verdade que só pode diferir aquilo que é semelhante. É justamente o contrário: só é semelhante aquilo que difere.
4. A identidade é predicativa, propositiva: x é isso. A diferença é experimental: o que fazer com x.
5. A identidade é da ordem da representação e da recognição: x representa y, x é y. A diferença é da ordem da proliferação; ela repete, ela replica: x e y e z...
6. A diferença não é uma relação entre o um e o outro. Ela é simplesmente um devir-outro.
7. A questão não consiste em reconhecer a multiplicidade, mas em ligar-se com ela, em fazer conexões, composições com ela.
8. A diferença é mais da ordem da anomalia que da anormalidade: mais do que um desvio da norma, a diferença é um movimento sem lei.
9. Quando falamos de diferença, não estamos perguntando sobre uma relação entre x e y, mas, antes, sobre como x devém outra coisa.
10. A diferença não pede tolerância, respeito ou boa-vontade. A
diferença, desrespeitosamente, simplesmente difere.
11. A identidade tem negócios com o artigo definido: o, a. A diferença, em troca, está amasiada com o artigo indefinido: um, uma.
12. A diferença não tem a ver com a diferença entre x e y, mas com o que se passa entre x e y.
13. A identidade joga pelas pontas; a diferença, pelo meio.
14. A identidade é. A diferença devém.
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